Mobilidade na Europa: Os partidos das bicicletas
Holanda, Bélgica, Reino Unido e a vizinha Espanha já têm partidos dedicados à promoção da bicicleta como meio de transporte
A mobilidade sustentável, através promoção das deslocações a pé ou de bicicleta, é um tema que quase não se ouviu durante a campanha para as Eleições Legislativas de domingo. Ao contrário, nos países europeus onde a mobilidade merece a atenção devida, o processo já é protagonizado por partidos e movimentos políticos cujo principal objetivo é promover a mobilidade ativa.
Enquanto cidades europeias como Paris, Amesterdão e Bruxelas avançam a passos larges na transformação das ruas para priorizar a bicicleta e a mobilidade sustentável, Portugal continua distante dessa tendência política mais ativa . Apesar de algumas autarquias demonstrarem interesse por projetos cicláveis, ainda não existe um partido político formal ou movimento estruturado com foco exclusivo na promoção da bicicleta como meio de transporte essencial .
Na Holanda, Bélgica, Reino Unido e até em Espanha , já surgiram partidos ou movimentos políticos cujo objetivo central é promover a bicicleta, reduzir o uso do automóvel e repensar o espaço público a favor dos cidadãos — especialmente crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida.
🌍 Exemplos inspiradores na Europa
🇳🇱 Partij voor de Fiets (Partido da Bicicleta) – Holanda
Fundado em 2019
Atua principalmente em grandes cidades como Amesterdão
Propõe:
Mais ciclovias protegidas
Redução do espaço dedicado aos carros
Pedonalização de zonas escolares
Já conseguiu influenciar decisões locais e tem crescido em popularidade junto com a sociedade civil
🇧🇪 Green Bike Party – Bélgica
Foca-se em tornar as cidades mais verdes e acessíveis
Defende que o espaço urbano deve ser redistribuído para todos, não apenas para motoristas
🇬🇧 The Bike Party – Reino Unido
Surge como resposta às elevadas taxas de poluição e acidentes rodoviários
Promove campanhas locais e pressão política para mudar a cultura de mobilidade
🇪🇸 Partido da Bicicleta – Espanha
Criado em 2021
Tem como principal bandeira a mudança radical na gestão do espaço urbano
Incentiva políticas públicas para tornar as cidades mais saudáveis e menos dependentes do automóvel
🚲 Porque é importante ter partidos ou movimentos pró-bicicleta?
A bicicleta é um dos meios de transporte mais sustentáveis, económicos e saudáveis , especialmente em ambientes urbanos. Além disso:
Reduz a poluição do ar e sonora
Diminui o número de acidentes rodoviários
Melhora a saúde pública
Aumenta a qualidade de vida nas cidades
Em países onde há partidos ou movimentos focados nesse tema, os resultados são visíveis:
Mais ciclovias seguras e contínuas
Políticas de baixa velocidade em centros urbanos
Programas de ruas escolares e incentivo à mobilidade independente das crianças
🛣️ E em Portugal?
Apesar de iniciativas isoladas, como em Cascais, Matosinhos, Coimbra e Lisboa , onde se têm criado novas infraestruturas cicláveis, não há uma visão nacional consistente nem partidos que assumam claramente a bicicleta como pilar central da sua agenda .
O tema aparece ocasionalmente nos programas eleitorais , mas raramente é acompanhado de objetivos claros, metas concretas ou estratégias integradas entre transportes, ambiente e planeamento urbano.
Além disso:
As ciclovias muitas vezes são mal desenhadas ou desconectadas
Há falta de segurança real para quem pedala , especialmente em grandes cidades
O investimento em mobilidade suave é residual face ao financiamento dado ao automóvel e à construção rodoviária
📢 O que falta em Portugal?
Para alinhar com tendências europeias, Portugal precisa de:
Um Plano Nacional de Mobilidade Ciclável
Incentivos fiscais para aquisição de bicicletas elétricas e tradicionais
Requalificação de ruas para baixa velocidade e maior segurança
Participação de ciclistas, famílias e jovens no planeamento urbano
E, eventualmente, talvez também:
A criação de um movimento político ou associação com representação parlamentar , que defenda claramente a causa da bicicleta como alternativa viável e necessária
✅ Conclusão
Enquanto na Europa surgem novos partidos e movimentos que colocam a bicicleta no centro da discussão política , em Portugal esse debate ainda é marginal . Mesmo com boas práticas pontuais, falta uma visão nacional e transversal que dê prioridade à mobilidade sustentável.
Se queremos cidades mais limpas, seguras e vivíveis para todos, é tempo de dar voz política à bicicleta .
Edição: António Martins Neves
Pesquisa e produção: LLM Qwen