PSP lança operação para fiscalizar ciclistas e utilizadores de trotinetas; MUBi alerta para risco de desencorajar mobilidade sustentável
No ano passado morreram nas estradas portuguesas 475 pessoas em desastres rodoviários, quatro das quais deslocavam-se de bicicleta ou trotinete
A PSP inicia hoje a operação “Mobilidade Ativa em Segurança”, visando fiscalizar utilizadores de bicicletas e trotinetas, o que levou a associação de promoção do uso da bicicleta a pedir uma abordagem mais proporcional e pedagógica, alertando para o risco de desencorajar modos de transporte sustentáveis.
A fiscalização policial prolonga-se por cinco dias e é justificada com a necessidade de reforçar a segurança rodoviária e combater comportamentos de risco associados ao uso destes meios de transporte ativos.
Segundo a PSP, nos últimos cinco anos (2020 a 2024) morreram em desastres de trânsito 23 ciclistas e ficaram com ferimentos graves outros 280.
A MUBi afirma partilhar o compromisso com a segurança rodoviária, mas alerta para os riscos de uma abordagem que possa desencorajar o uso de modos de transporte sustentáveis .
“Devemos facilitar às pessoas a escolha de deslocações saudáveis e não poluentes — não torná-la mais difícil”, refere a MUBi, citando Chris Boardman, Comissário para a Mobilidade Ativa no Reino Unido.
A associação recorda ainda que a Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC) recomenda que a PSP e a GNR intensifiquem a prevenção de comportamentos de risco associados aos veículos motorizados , protegendo os utentes mais vulneráveis.
A MUBi apela à PSP que:
Priorize a fiscalização das infrações com maior impacto na segurança pública , como excesso de velocidade, estacionamento irregular e incumprimento de regras de ultrapassagem;
Adote uma abordagem pedagógica e preventiva , especialmente junto de utilizadores de mobilidade ativa, muitas vezes em contextos de infraestrutura deficiente;
Colabore com a sociedade civil em campanhas de sensibilização;
Reconheça o papel da bicicleta e trotinetes na descarbonização urbana, melhoria da saúde pública e redução da sinistralidade.
Dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária indicam que em 2024 morreram nas estradas nacionais 475 pessoas vítimas de desastres, das quais quatro eram ciclistas ou utilizadores de trotinetes, o equivalente a 0,63% das vítimas mortais na estrada.
Edição e produção: António Martins Neves